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22/04/2005

20/12/2003

Pequeno e Fraco em Recursos 



no outro dia vi este senhor no telejornal a dizer, qualquer coisa do género: "temos de compreender que o país é pequeno e fraco em recursos (...)". a questão que se coloca é: Marques Mendes estava a falar do país ou dele próprio?

24/10/2003



«Como é meu velho costume não tenho nada a dizer sobre este filme que aliás, neste preciso momento ainda não se encontra concluído. E como é sabido, estas coisas de cinema só se sabem no fim.»
João César Monteiro

22/10/2003

O Atavismo 



É o Atavismo! era assim com uma simples palavra, que João Vuvu, vulgo João César Monteiro, definia a essência do ser português. dizia-o entre uma risadinha, de quem sabia que estava a tocar com o dedo na ferida e de quem sempre recusou ser levado a "sério".
não conheço bem o "estrangeiro". as minhas viagens "lá fora" resumiram-se a um inter-rail, que pouco mais permitiram que ter uma leve percepção do que é viver numa cidade como Paris, Amesterdão ou Londres.
Mas cada vez tenho mais a certeza que Portugal é um país condenado ao atavismo, à pequenez, ao provincianismo; somos efectivamente um país de 3º mundo com todos os índices a ele associados. mas mais que a pobreza, que as listas de espera, que os índices de sida que não param de subir, que a iliteracia, que as mortes na estrada, que a corrupção, que a pedofilia... o que me chateia mesmo é o sindroma da carneirada. durante décadas o povinho ria-se, inventava anedotas, achincalhava os miúdos que se prostituíam no parque eduardo VII, comentava como quem fazia considerações sobre o tempo, como se tinha safado de uma multa ao dar uma nota de 5 ao "geninho" de serviço, assistia impávido e sereno ao espancamento de crianças por parte dos progenitores e dos professores (primários sobretudo).
é esse mesmo povo que agora grita por justiça e por sangue, é esse povo que se rende ao circo mediático em volta destes casos e se revolta. até nem seria mau se essa revolta fosse sincera. mas não é. citando um desses vómitos eleitos pelo povo à qualidade de apresentador de televisão: este país "mete-me nojo".

21/10/2003

Der Himmel Über Berlin... 

Filmes há que nunca me canso de rever. como por exemplo este:

03/10/2003

A (Dis) Função Pública 

No outro dia chegou-me à redacção, o número 67 do jornal da Função Pública, intitulado muito originalmente "Função Pública". No destaque da primeira página, alertavam os redactores para o escândalo da nova reforma da dita Função. Confesso que não estou muito a par dos contornos da reforma, mas segundo me parece querem obrigar os nossos funcionários a trabalhar. ora, isto parece-me uma clara violação da Constituição, pelo que deixo aqui o alerta para as entidades competentes. mas o artigo que me despertou mais interesse foi uma reportagem sobre... os pastores do alentejo!? e perguntam vocês o que é que a função pública tem a ver com os pastores alentejanos. bem quem já foi a uma repartição de finanças nos últimos dias de entrega do IRS sabe que efectivamente tem tudo a ver.
alertava também o artigo para o risco de desaparecer esta profissão tão pitoresca. e é aqui precisamente que eu quero chegar. porque não juntar o útil ao agradável? ou seja reformava-se a função pública e mandava-se os respectivos funcionários pastar para o alentejo e punha-se os pastores locais a tomar conta do rebanho, matando dois coelhos de uma só cajadada (salvo seja).
A Bem da Nação

02/10/2003

Abre Olhos 

Numa excelente entrevista de reconhecido interesse público, mostrando que o novo slogan da SIC é mais do que uma provocação à RTP, o Jornal da Noite difundiu uma entrevista "de fundo" a Raquel Cruz. Mais do que a alimentação, dos hábitos de leitura e outras informações extremamente enriquecedoras do ponto de vista cultural e social, despertou-me a atenção o seguinte comentário: O Carlos está muito desiludido com Portugal e quando o julgamento terminar quer ir viver para o estrangeiro... realmente há pessoas que é preciso serem presas preventivamente acusadas de pedofilia para abrirem os olhos.

18/09/2003

Sem Comentários (sff) 

Fechem portas e janelas, salvem as crianças e sobretudo desliguem os televisores. Santana Lopes está de regresso ao Jornal da Noite, num notável exercício de sobriedade, seriedade, imparcialidade, idoneidade e isenção. No início ainda pensei que o Rodrigo Guedes de Carvalho estivesse a brincar, quando se virou para o Santana e lhe perguntou: “o que pensa dos incêndios?”. No entanto quando vi o Santana a endireitar-se na cadeira e pôr aquele ar sério e intelectualmente esclarecido (um tique herdado certamente do Nuno Rogeiro, esse monstro do comentário), pensei para mim: “pronto, está tudo f...”.
Santana nem piscou os olhinhos: respirou fundo, arregaçou as mangas e extinguiu de imediato qualquer responsabilidade governamental, apagou todas as culpas da protecção civil e apontou baterias ao desempenho do anterior governo, seguindo a linha ideológica do actual executivo “nós acabámos de chegar, os anteriores inquilinos é que lixaram isto tudo”. Ficámos também a saber que Monsanto é um oásis verde, no meio de todo o inferno de chamas em que se transformou cada parcela de terreno arborizado. Isto graças à recente campanha “uma prostituta, um extintor” levada a cabo pela Câmara Municipal de Lisboa, que distribuiu a cada profissional do amor de Monsanto um pequeno extintor. Assim, as prostitutas, mulheres habituadas a atender outras emergências e a extinguir outros fogos, passaram a apagar fogos que se vêm arder e que doem que se farta. Santana dissertou ainda sobre o estado das nossas florestas (as que ainda existem, bem entendido), usando de toda a sua experiência florestal e de contacto com especialistas na e da área (consta que Santana Lopes era assíduo do Pinhal de Leiria quando era Presidente da Figueira da Foz, e que para além das assessoras também ia lá muito com uma engenheira silvicultora do Pelouro do Ambiente). Depois seguiu-se um brilhante comentário sobre o “estado da justiça” em Portugal e quando questionado sobre o desempenho da Ministra Cardona, limitou-se a dizer “coitadinha, esteve doente...”.
A culminar com chave de ouro “Educação”, onde Rodrigo Guedes de Carvalho mostrou mais uma vez provas de que possui um apurado sentido de humor ao perguntar a Santana Lopes “quanto gasta em livros escolares com os seus filhos?” uma pergunta brilhante feita a um homem que nem deve saber quantos filhos tem. Depois de muito se contorcer na cadeira e de pela primeira vez durante toda a noite mostrar sinais de desconforto e embaraço lá respondeu meio hesitante “hummm, quer dizer pá ai, uns 70 contos (ou seja uma noite de copos na Kapital, coca não incluída)”.
Hoje à noite preparem-se, vem aí Manuel Maria Carrilho.

09/09/2003

Mães do Intendente 

As mães do Intendente poderão finalmente começar a respirar de alívio: as brasileiras, mas também as ucranianas, as espanholas, as cascaienses, as quenianas e todas as outras mulheres que desviavam os seus maridos do aconchego do lar foram finalmente expulsas do Largo do Intendente, acabaram as loucuras. Esperam que a medida se estenda a outras ruas do bairro.
Soubemos que a sua intenção é que a mesma acção seja efectuada na Rua Conde Redondo e ruas adjacentes, onde libidinosos travestis e transsexuais impunemente aliciam os incautos cônjuges.

Uma das mães que aceitou falar connosco, Celeste (nome fictício), recebeu-nos na penumbra de uma sala com os estores descidos e relatou-nos, os olhos húmidos, o episódio da tomada do Largo do Intendente.

Ao cair da noite viu o Pedro a avançar garboso e decidido, seguido das polícias e das 5 magníficas loiras assessoras, o cabelo alisado para trás com brilhantina, dirigir-se às mulheres dispersas pelo largo com um à vontade desarmante, o dedo em riste apontando esta e aquela para que se apartassem. Confusas, não percebiam o que estava a acontecer. Foram encaminhadas para furgões de vidros fumados onde foram cuidadosamente examinadas uma a uma, identificadas e carimbadas com destino incerto. Antes de partirem, o Pedro pediu para as reunirem, subiu ao atrelado de uma das inúmeras camionetas estacionadas e exortou-as a nunca mais se atreverem a perturbar a paz dos lares de um bairro tradicionalmente pacato, pelo menos ao tempo do homem que aí repôs a ordem, a moral e os bons costumes. Nem lhe passava pela cabeça comparar-se a ele, disse com um sorriso enigmático, mas «os bons exemplos são para se seguir com o objectivo de os melhorar» (sic).

Assim, com pompa e circunstância anunciou a primeira medida com vista a prevenir o flagelo das noites solitárias das esposas pacatas e das degradantes dos seus maridos. De entre as mulheres da rua, as mais aptas e mais limpas serão recrutadas para promover cursos de formação às mães do Intendente, de forma a torná-las mais competentes (habilitadas) a conservar os maridos à noite. Os cursos terão módulos teóricos sobre sexualidade básica, técnicas de sedução indoor, introdução à linguagem escatológica e outros temas relacionados; módulos teórico-práticos, onde será detalhadamente descrito como fazer «isto e aquilo» (neste momento, Celeste baixou os olhos); e módulos práticos, em que serão exibidos aos casais filmes mais explícitos mas apresentados com elevação, de situações-tipo de conteúdo sexual protagonizados pelas ex-meretrizes e pelos homens que as exploravam.
Seguiu-se um longo silêncio de Celeste que a seguir confidenciou com um sorriso embaraçado que seria das primeiras a inscrever-se para recuperar o marido.

Estava ainda previsto realizar para as mulheres da rua cursos de crochet, ponto-cruz, lavagem de loiça logo-a-seguir-ao-jantar e técnicas de ver televisão à noite no sofá com as mãos no regaço, entre outros temas, levados a cabo por algumas esposas mais desocupadas.

De outras medidas de prevenção previstas daremos conta noutra ocasião.

20/08/2003

Ao Qu'isto Chegou! 

A recente campanha na (da?) RTP «Com o Turismo não se brinca» é absolutamente extraordinária. Ficámos a saber que somos um povo feio, porco e mau, ou pelo menos desonesto. Cuspimos para o chão, assoamos o nariz com os dedos (o célebre «lenço de cinco pontas»), somos feios, desdentados ou com dentes podres, malcheirosos, emporcalhamos as ruas, os cafés, os campos, somos malcriados, não temos respeito pelos outros, desavergonhadamente tentamos aldrabar os incautos turistas americanos e outros que visitam as nossas belezas naturais, os nossos museus, as nossas cidades.

Ou seja, o país é agradável, mesmo paradisíaco, mas tem um problema: é habitado, está ocupado por nós, os portugueses. Na campanha, o problema é não tanto o nosso suposto comportamento pouco civilizado em si mas o facto de com ele darmos uma má imagem do país a quem nos visita.

Não é uma campanha que promova a cidadania, a decência, os bons costumes, o que seria discutível, nem uma sátira a atitudes mais ou menos frequentes do povo que somos todos nós, e poderia ser saudável rirmos de nós próprios – é sim um insulto absolutamente gratuito à nossa cultura e ao caminho de modernização que todos temos percorrido desde há décadas. É, de algum modo, um serôdio retomar da ideia provinciana e salazarista de que somos (deveríamos ser) «pobres mas limpos e felizes» – um povo simples que sabe receber.

A conclusão que ressalta desta campanha é que seremos de facto um povo inculto, miserável e atrasado – se olharmos a imaginação e a graça dos promotores desta campanha...

A curiosidade de tudo isto é que a RTP provavelmente tomará a campanha como um exemplo do «serviço público» que presta ao país! Não há pachorra.

Portugal é «um pequeno país católico e conservador do Sul da Europa», como um dia ouvi numa rádio estrangeira. Temos muitas e muitas queixas da nossa condição: da falta de exercício da cidadania, da insensibilidade e desnorte dos nossos pobres governantes, autarcas e burocratas, da incapacidade de prever, prevenir e planear, ... mas somos muito mais coisas do que a imagem pelintra e cabotina da RTP (ou-lá-quem-é), umas boas e outras más; teremos certamente muito para mudar: temos que nos actualizar, ser mais competentes, mais dinâmicos, deveremos ter mais respeito por nós próprios e gostar mais de nós. Mas não nos venham dizer como devemos receber os turistas estrangeiros (um inquérito recente do Turismo de Lisboa revelou que 99,8% dos turistas recomendariam uma visita a Lisboa aos amigos e 75% encaram como provável o seu regresso à cidade)!

Só nos falta um dia termos o Pedro Santana Lopes como Presidente. Então, meus amigos, talvez mereçamos campanhas como esta.

07/08/2003

Acontece... e pelos vistos a ofensiva não vai parar 

Nunca fui um incondicional do «Acontece». Demasiado asséptico e «bem comportado» para o meu gosto. Pouco polémico, pouco ousado, por vezes com um ritmo desesperante. O décor pobrezinho, o genérico desengraçado, o formato vulgar. A apresentação... bom, preferia quando o CPC era mais interveniente, o programa era mais vivo, mais próximo do espectador (de mim).
Dito isto, via o programa com muita frequência. Não por ser o único no género (não tenho TV Cabo), nem por militância, muito menos por desfastio -- tenho curiosidade e interesse pelas coisas culturais e o programa ajudava a alimentar-me.

Mas a atitude de acabar com o programa vem na sequência de muitas outras que só podem ser interpretadas como um ataque sistemático à  cultura: no cinema, na dança, no teatro, nas artes plásticas, na leitura, na música e por aí­ adiante.

Como eu temia por alturas da mudança de governo: o desprezo pela cultura, a barbárie! E os bárbaros têm nomes: o ministro da cultura (como é que ele se chama?), Morais Sarmento, Pedro Santana Lopes, Rui Rio, António Capucho, Durão Barroso...

E se... o Santana Lopes fosse presidente?...

03/08/2003

Um dia destes, no Jornal 2 da RTP, Eduarda Napoleão, Vereadora da Câmara Municipal de Lisboa, dizia que a intervenção no Intendente não iria ser como a que foi feita no Casal Ventoso porque esta criou problemas sociais e o espaço foi abandonado: hoje deveria ser uma zona verde e o muro devia ir abaixo porque prejudica «a vista».
Ora bem, é disto mesmo que precisamos: de alguém com vistas largas, que tenha jeito para decoração e perceba de jardins, que se preocupe com os «sem-abrigos». Assim andaremos todos mais felizes.
Pena é que a ideia não seja muito original: recordemos o desejo de Manuel João Vieira de ver «Portugal alcatifado» e as suas promessas de acabar com a droga e os arrumadores, proibir o crime e instituir o Dia do Orgulho dos Sem-Abrigo.

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