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18/09/2003

Sem Comentários (sff) 

Fechem portas e janelas, salvem as crianças e sobretudo desliguem os televisores. Santana Lopes está de regresso ao Jornal da Noite, num notável exercício de sobriedade, seriedade, imparcialidade, idoneidade e isenção. No início ainda pensei que o Rodrigo Guedes de Carvalho estivesse a brincar, quando se virou para o Santana e lhe perguntou: “o que pensa dos incêndios?”. No entanto quando vi o Santana a endireitar-se na cadeira e pôr aquele ar sério e intelectualmente esclarecido (um tique herdado certamente do Nuno Rogeiro, esse monstro do comentário), pensei para mim: “pronto, está tudo f...”.
Santana nem piscou os olhinhos: respirou fundo, arregaçou as mangas e extinguiu de imediato qualquer responsabilidade governamental, apagou todas as culpas da protecção civil e apontou baterias ao desempenho do anterior governo, seguindo a linha ideológica do actual executivo “nós acabámos de chegar, os anteriores inquilinos é que lixaram isto tudo”. Ficámos também a saber que Monsanto é um oásis verde, no meio de todo o inferno de chamas em que se transformou cada parcela de terreno arborizado. Isto graças à recente campanha “uma prostituta, um extintor” levada a cabo pela Câmara Municipal de Lisboa, que distribuiu a cada profissional do amor de Monsanto um pequeno extintor. Assim, as prostitutas, mulheres habituadas a atender outras emergências e a extinguir outros fogos, passaram a apagar fogos que se vêm arder e que doem que se farta. Santana dissertou ainda sobre o estado das nossas florestas (as que ainda existem, bem entendido), usando de toda a sua experiência florestal e de contacto com especialistas na e da área (consta que Santana Lopes era assíduo do Pinhal de Leiria quando era Presidente da Figueira da Foz, e que para além das assessoras também ia lá muito com uma engenheira silvicultora do Pelouro do Ambiente). Depois seguiu-se um brilhante comentário sobre o “estado da justiça” em Portugal e quando questionado sobre o desempenho da Ministra Cardona, limitou-se a dizer “coitadinha, esteve doente...”.
A culminar com chave de ouro “Educação”, onde Rodrigo Guedes de Carvalho mostrou mais uma vez provas de que possui um apurado sentido de humor ao perguntar a Santana Lopes “quanto gasta em livros escolares com os seus filhos?” uma pergunta brilhante feita a um homem que nem deve saber quantos filhos tem. Depois de muito se contorcer na cadeira e de pela primeira vez durante toda a noite mostrar sinais de desconforto e embaraço lá respondeu meio hesitante “hummm, quer dizer pá ai, uns 70 contos (ou seja uma noite de copos na Kapital, coca não incluída)”.
Hoje à noite preparem-se, vem aí Manuel Maria Carrilho.

09/09/2003

Mães do Intendente 

As mães do Intendente poderão finalmente começar a respirar de alívio: as brasileiras, mas também as ucranianas, as espanholas, as cascaienses, as quenianas e todas as outras mulheres que desviavam os seus maridos do aconchego do lar foram finalmente expulsas do Largo do Intendente, acabaram as loucuras. Esperam que a medida se estenda a outras ruas do bairro.
Soubemos que a sua intenção é que a mesma acção seja efectuada na Rua Conde Redondo e ruas adjacentes, onde libidinosos travestis e transsexuais impunemente aliciam os incautos cônjuges.

Uma das mães que aceitou falar connosco, Celeste (nome fictício), recebeu-nos na penumbra de uma sala com os estores descidos e relatou-nos, os olhos húmidos, o episódio da tomada do Largo do Intendente.

Ao cair da noite viu o Pedro a avançar garboso e decidido, seguido das polícias e das 5 magníficas loiras assessoras, o cabelo alisado para trás com brilhantina, dirigir-se às mulheres dispersas pelo largo com um à vontade desarmante, o dedo em riste apontando esta e aquela para que se apartassem. Confusas, não percebiam o que estava a acontecer. Foram encaminhadas para furgões de vidros fumados onde foram cuidadosamente examinadas uma a uma, identificadas e carimbadas com destino incerto. Antes de partirem, o Pedro pediu para as reunirem, subiu ao atrelado de uma das inúmeras camionetas estacionadas e exortou-as a nunca mais se atreverem a perturbar a paz dos lares de um bairro tradicionalmente pacato, pelo menos ao tempo do homem que aí repôs a ordem, a moral e os bons costumes. Nem lhe passava pela cabeça comparar-se a ele, disse com um sorriso enigmático, mas «os bons exemplos são para se seguir com o objectivo de os melhorar» (sic).

Assim, com pompa e circunstância anunciou a primeira medida com vista a prevenir o flagelo das noites solitárias das esposas pacatas e das degradantes dos seus maridos. De entre as mulheres da rua, as mais aptas e mais limpas serão recrutadas para promover cursos de formação às mães do Intendente, de forma a torná-las mais competentes (habilitadas) a conservar os maridos à noite. Os cursos terão módulos teóricos sobre sexualidade básica, técnicas de sedução indoor, introdução à linguagem escatológica e outros temas relacionados; módulos teórico-práticos, onde será detalhadamente descrito como fazer «isto e aquilo» (neste momento, Celeste baixou os olhos); e módulos práticos, em que serão exibidos aos casais filmes mais explícitos mas apresentados com elevação, de situações-tipo de conteúdo sexual protagonizados pelas ex-meretrizes e pelos homens que as exploravam.
Seguiu-se um longo silêncio de Celeste que a seguir confidenciou com um sorriso embaraçado que seria das primeiras a inscrever-se para recuperar o marido.

Estava ainda previsto realizar para as mulheres da rua cursos de crochet, ponto-cruz, lavagem de loiça logo-a-seguir-ao-jantar e técnicas de ver televisão à noite no sofá com as mãos no regaço, entre outros temas, levados a cabo por algumas esposas mais desocupadas.

De outras medidas de prevenção previstas daremos conta noutra ocasião.

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